domingo, 12 de junho de 2011

ESPERE POR MIM

Quando anoitecer e o silêncio solitário tomar conta da escuridão sem fim, espere por mim. Não sei se ao amanhecer ou ainda na negra noite eu chego, mas tenha certeza de que voltarei. Quando as estrelas estiverem por cima das nuvens negras e o frio assolar seu corpo, mesmo assim espere por mim. Quando a solidão for a sua única companhia, ainda assim espere por mim.

Quando suas esperanças se esvairem e o medo sacudir sua força, colocando em cheque sua coragem, espere por mim. Não saberei ficar longe de ti e mesmo que eu demore, um dia voltarei. No dia em que a primavera terminar e teu horizonte perder a cor e o brilho, não desista de me esperar, pois um dia voltarei a ti.  Se as flores do nosso jardim murcharem e a terra árida não deixar que nenhuma delas mais brotem, continue a me esperar.

Quando as pessoas e os amigos te disserem que morri e que nunca mais me verás, não acredite: Um dia voltarei. Mesmo se as lembranças forem cada vez menores e o hoje cada vez mais sufocar os dias que ficaram pra trás, não desanime, pois eu voltarei. Quando nos teus sonhos eu não mais comparecer e os planos que fizemos outrora não tiverem mais sentido, por favor, não deixe de me esperar, porque eu voltarei. Confie!

Com o passar do tempo é normal que a saudade diminua e que minha lembrança seja substituída em sua memória, mas rogo-te, espere por mim. Pode ser que os livros, fotografias e objetos deixem de ter o mesmo significado de antes e que voce não os revire mais. Porém, mais uma vez peço-te, que espere por mim.

Mesmo que o tempo apague o meu perfume que você sempre teve, ou que seus lábios não sintam mais o sabor dos meus beijos, não deixe de me esperar, porque eu voltarei. Não deixe de sentir o sussurro dos meus lábios aos seus ouvidos, nem de sentir o toque dos meus afagos cuidadosos em seus cabelos, pois ainda que eu demore, mesmo assim, voltarei.

Eu voltarei. Não sei se no outono ou no iverno, não sei se cansado ou disposto, nem se estarei alegre ou triste. Voltarei mesmo que velho e fraco, talvez aos prantos ou com alegria, mas não deixarei de voltar a ti. Se breve ou ainda demorado, se no dia ou na noite, mesmo que seja apenas para te ver, eu voltarei. 

Paulo Veras é psicólogo clínico e organizacional, psicanalista, especialista em educação especial e inclusiva e professor universitário em Goiânia-GO.


4 comentários:

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Sempre voltamos ... sempre ... e também sempre voltamos renovados, muitas vezes quase irreconhecíveis ...

Adoro passar pro aqui ...

Bruno Etílico disse...

Esperar pelos outros é sempre complicado, por mais que venhamos a dar todas as garantias de um retorno... afinal de contas... é egoísta da nossa parte pedir para que nos esperem e estagnem-se por nós, né?

beijo, querido
lindo texto

Edilson Cravo disse...

Lindo e triste.
Abraços querido.

Calma disse...

Lindíssimo poema!!!!!

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