Conviver com a falta, com a lacuna ou com o não ter, dói. Dói sobretudo porque há uma decepção sobre a projeção que criamos sobre as pessoas com as quais queremos nos relacionar.
Dói admitir, dói começar de novo e tentar mais uma vez. Passamos por
tudo isso, porque conviver com essa não completude é aterrorizador.
Assim, a busca para preencher tal lacuna, é também a busca infindável
por daquilo que deveria nos completar.
Essa busca pela alma gêmea que você escuta desde muito cedo é
confrontada ao termos que admitir que se é um, somos um e não dois, somente um,
e isso também dói.
Nessa tentativa de se completar com o outro é que
vamos criando um sistema de trocas, onde não trocamos apenas coisas, objetos,
regras sociais e permissões, mas, vamos nos trocando por um ideal que não
alcançamos, mas substituídos por um ideal em favor do nosso próprio narcisismo.
Ao outro, eu dou o lugar daquilo que eu idealizei, como se fosse ele o
responsável por me completar. E quando esse outro não completa, entramos em
crise.