Definitivamente, tenho
aprendido que família é o local onde nos sentimos bem, onde nos sentimos
amados, respeitados, acolhidos e valorizados. Não é somente o laço sanguíneo ou
biológico, e com isso, estou dizendo que não importa se nesta casa onde você se
sinta bem, tenha ali dois pais, duas mães, uma avó, uma mãe, um pai, alguns
cuidando, entre outros. Portanto, muito além da estrutura familiar em que você
viva, as atitudes de seus membros são determinantes para o bem estar das sua
construção como ser humano.
Diante deste cenário,
precisamos pensar que existem famílias que fazem com que você se sinta exatamente
o oposto. Infelizmente algumas pessoas podem cruzar o seu caminho e contribuir
para que você se sinta exatamente fora deste cenário. Não se engane: A família
pode ser um dos lugares mais comuns, onde se desenvolvem as relações que nos
adoecem. Seria normal uma situação dessas, se essas pessoas não fossem aquelas
que fazem parte da sua “família”.
Aprenda, e nunca esqueça,
que há algumas relações familiares que são tóxicas, que matam aos poucos. Talvez
você já se identificou em um relação assim e nem sempre consegue lidar com uma
família dentro destes moldes. Aprenda que você nunca deve ser obrigado a amar
quem te humilha, a respeitar quem te desestimula ou proteger quem te agride.
Isso não é família. Depois de ter esta consciência, você descobrirá que fica
mais difícil esta relação, porque quase sempre elas não podem ser desfeitas. É
lógico dizer, que é mais fácil encerrar uma relação com um namorado, parceiro
ou amigo, do que com um membro de sua família, tais como irmãos, sogros, etc.
Aprendemos que família é
muito importante em nossa formação e isto está correto. É através dela que somos
educados, desenvolvemos nossa personalidade e é através deste ninho, chamado
lar, que adquirimos as ferramentas necessárias para lidar com o mundo lá fora.
Justamente por tudo isso é que temos a dificuldade de entender, que algumas
relações familiares nos fazem mal e promovem um mal estar tóxico e adoecedor.
Nos tempos atuais, sabemos
que educar os filhos e fazer deles cidadãos conscientes e fortes, estão entre
as aquisições mais caras ao longo de toda uma vida. Esse preço não é apenas do
ponto de vista financeiro, mas é muito maior, do ponto de vista emocional, de
significados e de influências. Em muitas delas, esses valores são confundidos com
superproteção, amor em excesso, projeções frustradas e a necessidade da
realização dos projetos dos pais sem se preocuparem com os projetos dos filhos.
Aprenda a dizer eu me amo, antes de aprender a dizer eu te amo. Isso fará uma
grande diferença em suas decisões para toda a vida.
Aprenda a fugir das pressões
em realizar os planos dos outros, nem tão pouco sentir-se obrigado a realizar
os seus projetos no tempo que os outros determinaram. Algumas famílias, colocam
em seus membros a necessidade de serem troféus afim de serem apenas exibidos: precisam
passar no vestibular na primeira vez; precisam terminar a faculdade até idade
tal; a aprovação no concurso precisa ser de primeira e as perdas e erros não
podem ser tolerados em nenhuma tentativa. Para! Isso está te matando. A quem se
presta esta perfeição toda? Tá tudo certo não ganhar sempre.
A sua autoestima e o seu amor próprio, devem ser uma
receita a ser cultivada diariamente e cultivada por você. Claro, que se você está
rodeado de familiares que só te fazem mal, esses cuidados preventivos vão
perdendo o sentido. Pare e pense, como fica complicado para você, perceber o
seu valor, quando as pessoas que convivem com você, estão ali para te criticar,
humilhar, rotular e te darem cartas diárias de descrédito. Vai ser confuso para
você, entender o quanto você vale, em casamento falido, em um relacionamento
abusivo ou em uma família, onde elogios, reconhecimentos e abraços não existem.
Numa relação familiar tóxica, fica complicado enxergar a sua
beleza, a sua inteligência e a sua capacidade de vencer. Onde há inferiorização,
há isolamento, há saúde mental confusa. Vai doer abrir mão de quem te machuca,
assim como dói não saber se você é uma pessoa incrível ou um lixo. Vai doer cortar a chupeta, mas é necessário.
Com o tempo aprendemos que precisamos afastar de quem nos
anula – mesmo que seja a família – para lembramos o quanto a gente vale.
Paulo Veras é psicólogo clínico e
organizacional, psicanalista, pedagogo, escreve e faz palestras, especialista
em educação especial e inclusiva, especialista em docência do ensino superior e
professor universitário em Goiânia-GO.
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