As
expectativas são as que nos consomem a conta gotas, dia após dia. Será se vai dar
certo? Será se vou conseguir? Será se o resultado do exame será positivo? Será
se irei me arrepender? Será se vou gostar? Isso tudo, vira uma prisão que nos
deixa do lado de cá, enquanto a vida vai acontecendo do lado de lá, da forma como
deve ser. A vida carrega em si o que há de pior e o que há de melhor. A expectativa, se não for bem trabalhada, apenas nos atrapalha e cria em nós o sofrimento.
É muito
difícil chegarmos a amarga verdade de que, às vezes, não somos o protagonista
de nossas vidas. Dói saber que alguns acontecimentos irão surgir e que não
teremos nenhum controle sobre eles. Muitos deles, são aqueles que sempre
evitamos e até deixamos de aproveitar alguns momentos da vida, pela simples
possibilidade de não atraí-los. A verdade é que deixamos de viver o hoje, em
função de um amanhã, que queremos muito que acontece, mas não sabemos como
será.
Mas o que
deve ser feito, para não sofrermos em relação aquilo que nem sabemos se vai acontecer?
Deixar de focar nas expectativas e voltar-se mais para o presente, talvez seja
a melhor saída. Sofrer por antecipação é uma tarefa inútil, sobretudo porque
não vamos viver o hoje e os presentes que ele sempre traz. Viver o hoje é a
melhor forma de não preocupar-se com o viver de amanhã. Não podemos nos
esquecer, que nos prepararmos para o futuro é mais produtivo do que apenas
preocuparmos com ele. Não confunda alienação com falta de expectativas e
planejamento de vida.
Grande
parte de nós, vivemos o hoje de forma imediata (e isso até certo ponto é bom).
O perigo é que com isso, vamos nos tornando descartáveis demais. O valor das
pessoas e comportamentos se perdem muito facilmente. As pessoas passam a ser
coisas e as relações são para o momento, para o agora. Não raro, criamos a
expectativa de quem estará conosco na velhice, se estaremos felizes, se seremos
solitários ou teremos alguém do lado para viver essa etapa da vida.
O
importante mesmo na vida, é buscarmos a felicidade com aquilo que temos e do
jeito que somos. Se as expectativas não aconteceram de forma positiva ou se
vamos ter que lidar com uma descoberta desagradável, ou se as surpresas foram
as piores ou se as conquistas foram as pequenas, ainda é possível ser feliz. Se
fizeres uma busca, sua memória vai te levar ao dia em que você alimentou uma
grande expectativa e quando ela veio, chegou embrulhada em um papel que não te
agradou. O mundo acabou? Você achou um novo significado pra vida e cá está,
vivendo-a tão bem.
Lembre-se:
se alimentares apenas de expectativas, tua vida para. Se alimentares o teu otimismo, tua vida anda. Liberte-se! Quando passar o tempo, você verá que o que
valeu a pena mesmo, não foram as expectativas. Foram os acontecimentos, bons ou
ruins.
Paulo Veras é psicólogo clínico e organizacional, psicanalista, pedagogo, escreve e faz palestras, especialista em educação especial e inclusiva, especialista em docência do ensino superior e professor universitário em Goiânia-GO.
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