
O inverno chegou por todo o pais. Particularmente acho uma estação muito charmosa e mesmo nas regiões mais quentes, nao deixa de ser uma época do ano muito especial. O clima fica mais ameno e com isso tudo parece ser tornar mais agradável.
Mas também é uma época, onde é comum se ver a dor de algumas pessoas e a solidão que se torna mais aguda. Estão espalhadas pelos becos, debaixo das marquisas, por debaixo das caixas e por entre elas mesmas. Parecem esquecidas em um canto da vida, perdidas em uma curva do tempo que não conseguiram ir mais. A vida tornou-se difícil por demais pra eles. Parece que os seus arco-iris se tornaram preto e branco e nem mesmo a tinta do horizonte consegue colori-lo.
A solidão, a dor, a lágrima teimosa, a indiferença e o medo apossam de suas almas. São acometidos de traumas e feridas que nem o tempo, consegue curá-los. Um ao outro, divide o pão regrado, a água medida e o cobertor doado. O único. Debaixo de uma ponte moram, debaixo de uma ponte se criam.
Drummond, com seu requinte de poeta, expressou bem o que me refiro no poema Debaixo da Ponte: "Oficialmente, não é lugar onde se more, porém eles moravam. Ninguém lhes cobrava aluguel, imposto predial, taxa de condomínio: a ponte é de todos, na parte de cima; de ninguém, na parte de baixo. Não pagavam conta de luz e gás, porque luz e gás não consumiam. Não reclamavam contra falta dágua, raramente observada por baixo de pontes. Problema de lixo não tinham; podia ser atirado em qualquer parte, embora não conviesse atirá-lo em parte alguma, se dele vinham muitas vezes o vestuário, o alimento, objetos de casa. Viviam debaixo da ponte, podiam dar esse endereço a amigos, recebê-los, fazê-los desfrutar comodidades internas da ponte".
Falando com um desses moradores certa vez, me disse ele: "Viver aqui é como se nunca víssemos um arco iris e quando ele aparece é sempre preto e branco". Achei de uma profundidade enorme tal fala. Comecei a pensar diferente...
O que podemos fazer pra dar um colorido no arco iris de alguém, que mesmo nao morando debaixo da ponte, precisa de um pouco mais de calor. Nao seria ao nosso amor, que mesmo tendo o objeto amado, nunca o colorimos com um eu te amo? Talvez o filho que estando sempre do lado, esquecemos de notar as suas cores da alegria, vitalidade e inteligencia? Pode ser o amigo sempre presente, que por falta de um olhar, não notamos sua necessidade de um abraço. E ainda, a propria diversidade, que, merece também respeito, atenção e ouvidos.
O certo é, que seja quem for, onde estiver, somos capazes de dar cor a todo e qualquer arco iris.
Paulo Veras é psicólogo em Goiania-GO.
Mas também é uma época, onde é comum se ver a dor de algumas pessoas e a solidão que se torna mais aguda. Estão espalhadas pelos becos, debaixo das marquisas, por debaixo das caixas e por entre elas mesmas. Parecem esquecidas em um canto da vida, perdidas em uma curva do tempo que não conseguiram ir mais. A vida tornou-se difícil por demais pra eles. Parece que os seus arco-iris se tornaram preto e branco e nem mesmo a tinta do horizonte consegue colori-lo.
A solidão, a dor, a lágrima teimosa, a indiferença e o medo apossam de suas almas. São acometidos de traumas e feridas que nem o tempo, consegue curá-los. Um ao outro, divide o pão regrado, a água medida e o cobertor doado. O único. Debaixo de uma ponte moram, debaixo de uma ponte se criam.
Drummond, com seu requinte de poeta, expressou bem o que me refiro no poema Debaixo da Ponte: "Oficialmente, não é lugar onde se more, porém eles moravam. Ninguém lhes cobrava aluguel, imposto predial, taxa de condomínio: a ponte é de todos, na parte de cima; de ninguém, na parte de baixo. Não pagavam conta de luz e gás, porque luz e gás não consumiam. Não reclamavam contra falta dágua, raramente observada por baixo de pontes. Problema de lixo não tinham; podia ser atirado em qualquer parte, embora não conviesse atirá-lo em parte alguma, se dele vinham muitas vezes o vestuário, o alimento, objetos de casa. Viviam debaixo da ponte, podiam dar esse endereço a amigos, recebê-los, fazê-los desfrutar comodidades internas da ponte".
Falando com um desses moradores certa vez, me disse ele: "Viver aqui é como se nunca víssemos um arco iris e quando ele aparece é sempre preto e branco". Achei de uma profundidade enorme tal fala. Comecei a pensar diferente...
O que podemos fazer pra dar um colorido no arco iris de alguém, que mesmo nao morando debaixo da ponte, precisa de um pouco mais de calor. Nao seria ao nosso amor, que mesmo tendo o objeto amado, nunca o colorimos com um eu te amo? Talvez o filho que estando sempre do lado, esquecemos de notar as suas cores da alegria, vitalidade e inteligencia? Pode ser o amigo sempre presente, que por falta de um olhar, não notamos sua necessidade de um abraço. E ainda, a propria diversidade, que, merece também respeito, atenção e ouvidos.
O certo é, que seja quem for, onde estiver, somos capazes de dar cor a todo e qualquer arco iris.
Paulo Veras é psicólogo em Goiania-GO.