Não é novidade que a solidão é uma das
epidemias mais graves deste século. Não é, portanto, um sentimento simples,
fácil de ser explicado, mas trata-se de um misto de sensações como a dor,
angústia, tristeza e medo, que foi mudando ao longo do tempo, com dimensões
culturais, sociais e políticas. Aliadas a ela estão ainda o stress, a
obesidade, o uso excessivo de drogas, entre outras variáveis.
É notório que cada vez mais as pessoas estão
vivendo sozinhas e tudo indica que esse número deve aumentar nos próximos anos.
Também não é novidade que as famílias estão cada vez menores, em casas menores,
com menos filhos e em atividades que cada vez mais valorizam a sua
individualidade e a sua solidão.
Embora a solidão não seja necessariamente má,
deve-se ficar claro que ela é também fundamental para a constituição do ser
humano. Durante as nossas vidas, a solidão faz parte do processo de crescimento
e como tal, é inevitável.
Porém, é importante afirmar – e não confundir -
a solidão como um processo de escolha, uma prática do individualismo ou com uma
necessidade de não se socializar momentaneamente com qualquer outra pessoa.
Estar só nesse caso, é estar fisicamente sozinho. Este estar solitário não
expressa o sentimento de solidão e trata-se de um isolamento social por
escolha, como um processo de fuga ou de experimento para se auto conhecer e
crescer.
Mas é preciso atentar-se à solidão como um
estado, onde a pessoa tem a necessidade (vontade) de estar com outras pessoas,
mas é incapaz de fazê-lo. Pode ser que as condições sociais, financeiras e
cognitivas permitam esse contato, mas a insegurança e outros fatores
psicológicos contribuem para a solidão.
A isso, estão aliados os sentimentos de
imprestabilidade, estranheza, desprezo, rejeição, desânimo e muito pouco contato
visual, ou seja, o isolar-se não é escolha, é incapacidade. De igual modo,
pense que estar sozinho pode ser positivo, mas sentir-se sozinho pode ser fator
de risco e precisa ser visto com atenção.
Paulo Veras é mestre em educação, psicólogo clínico e
organizacional, psicanalista, pedagogo, escritor e faz palestras, especialista
em educação especial e inclusiva, especialista em docência do ensino superior e
professor universitário em Goiânia-GO