quinta-feira, 3 de junho de 2010

O FIM DA HISTÓRIA


Certa vez, fui convidado a escrever no blog do meu Amigo Douglas. E agora, ele nos brinda com tanta riqueza. Douglas Barraqui professor e pesquisador em história ambiental pela Universidade Federal do Espírito Santo, leciona em escolas, cursos preparatórios e pré-vestibulares. Págians relacionadas ao autor: www.dougnahistoria.blogspot.com e www.ambientalhistoria.blogspot.com

As reflexões sobre a “história” ecoaram durante milênios e continuam até hoje a soar como sons enigmáticos: “quem somos? Para onde vamos? Para que viemos e qual será nosso destino? como obter a salvação? Onde encontrar todas as respostas para todas as perguntas?

“Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”. [1]

Em tempos remotos o homem buscou as respostas para suas aflições em meio a rituais míticos, solicitou respostas a oráculos, a videntes e a profetas. É o homem, que sofrendo com a própria ausência, tenta criar uma imagem global, reconhecível e aceitável, de si mesmo. O homem tentou isso o tempo todo e continua por tentar.

Para os gregos a história se repete, o futuro teria os mesmos eventos do passado, e os homens teriam sempre as mesmas pulsações e necessidades. Portanto, os gregos tem uma visão cíclica da história, repetitiva: nasce, cresce, dá frutos, envelhece e morre, quanto a seu fruto, este crescerá, dará frutos, envelhecerá e morrerá e assim será com os frutos dos seus frutos.

Os helênicos não se preocupavam como o passado. Acreditavam que o futuro individual já estava traçado podendo até ser antevisto: perguntar o que fazer? e/ou, o que será? Questões que apontam necessariamente para o papel dos oráculos. Entre os teóricos da historiografia é sabido que entre os gregos não há idéia de história universal, não havia ainda sido formulada, sendo esta desenvolvida pelos romanos cristãos.

Na concepção dos romanos o futuro passou a ser o centro da história e o fim da história seria a romanização do mundo. É aqui que surge o conceito de história universal aplacada em amplitude pelo o que seria a dominação romana sobre o mundo pagão, dominação seria justificada pelo cristianismo que o próprio homem criou.

Os judeus por sua vez desenvolveram a idéia de história como um caminho linear para a salvação humana. Os romanos cristãos encaravam o futuro como a vitória incontestável de cristo, e consequentimente de Roma, e o fim do calvário do homem. O mundo assim era efêmero, sujeito a mudanças.

A modernidade passa a representar a nova temporalidade histórica, marcada fundamentalmente pela recusa da metafísica. O novo personagem, protagonista, é o homem da cidade e o burguês que estão inseridos em um intenso esforço para a racionalização. A fé não consegue mais aplacar os anseios e dar todas as respostas ao homem.

Segundo Weber somente o ocidente experimentou a racionalização que culminou na fraqueza da influência do religioso sobre o homem. O mundo oriental  manteve-se ligado a ética contemplativa e mística em detrimento ao ocidente que mergulhou na razão. O homem renascentista buscava o êxito econômico com a riqueza, o êxito político com o poder, o êxito social com o estatus, a estética com a vaidade e o intelectual com a razão. O mundo medieval abria espaço para um mundo em que o homem estava no centro das coisas. O ascetismo dava lugar ao hedonismo.

Para Kant a razão traria a reunificação da humanidade e substituiria a religião. Para Habermas o futuro era o espaço de realizações da perfeição humana, o individuo seria autônomo, autodeterminado e crítico.

O ambiente na pós-modernidade é caracterizado pelo individualismo, pelas mudanças aceleradas na ciência e tecnologia que caminham de mãos dadas a fim de dar a respostas e acabar com o sofrimento do homem. Tudo é em tempo real e imediato: mundialização. As questões locais tomam relevância e as generalizações tornam-se um perigo eminente a exemplo do etnocentrismo, imperialismo, racismo, xenofobismo, nacionalismo. As resistências passam a ser concebidas como intolerância, fanatismo e irracionalidade. Surgem novos atores Hitler, Saddam, e Bush. O mundo não pode mais ser visto em uma estrutura maniqueísta de preto e branco, heróis e vilões, vitoriosos e derrotados; aparecem outras cores.

Tudo é prazer imediato, não é mais o que você é, e sim o que você tem. Não é mais o que você planta, e sim o que você pode destruir e construir a partir da destruição. E as respostas para as aflições humanas? Talvez esta seja a resposta: a constante busca. Mas o homem é ao mesmo tempo tão perecível, tão destrutível, tão ameaçador que sua busca por respostas talvez o leve a autodestruição. É o fim da história.

   1. Inscrição no oráculo de Delfos, atribuída aos Sete Sábios (c. 650a.C.-550 a.C.)

Bibliografia:

WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações. 15. ed. São Paulo: Cultrix, 2008. 124 p.

IACONO, Alfonso M. Caminhos de saída do estado de menoridade: Platão, Kant e o problema da  autonomia. Rio de Janeiro: Istituto Italiano di Cultura: Lacerda, 2001. 87 p.

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