sábado, 10 de julho de 2010

PSICOPATAS


Impossível não refletir, em relação aos ultimos acontecimentos envolvendo o goleiro Bruno do Flamengo. São inúmeras as teorias sobre este assunto. Desde Freud, muito tem se falado em psicopatas, até as recentes descobertas no campo da psiquiatria e da neurologia sobre o processo que forma a personalidade, os conceitos sociais e morais, princípios éticos e comportamentais e, sem dúvidas, seus desvios ou desequilíbrios.

O psicopata possui um comportamento acima de qualquer suspeita. Na verdade, ele se comporta da forma que todos desejam que o faça. Sua conduta, é de uma pessoa honesta, que cumpre seus compromissos, que trabalha, que relaciona-se bem. Poderíamos dizer de forma simples, que a loucura do psicopata é sã, isso porque, ele jamais sente culpa. Não há nada que o incrimine, até certo momento. São sábios mentirosos, pois os significados de seus atos, são banais, simples e de fácil explicação. Matar um ou matar dois, não muda. Só muda a explicação.

Mas talvez, uma das características mais forte na personalidade de um psicopata, seja o remoroso. A palavra é latina, vem de remorsus, que significa tornar a morder, ou morder outra vez. Ou seja, o sujeito tido como normal, sentindo o remorso, evitar morder pela segunda vez. O sentimento do remorso, está ligado a satirizar, atacar, ferir, atormentar, torturar, magoar, dilacerar, etc. Pelos próprios significados da palavra, já temos uma vaga noção de como esse sentimento é. Com ele, há sempre uma mistura de dor, angustia, vergonha, adquiridos com a consciência moral, coisa que falta na personalidade do psicopata.

Outro fator que é chocante quando pensamos em comportamentos psicóticos, é o requinte e a elaboração que os seus atos são realizados. Não basta apenas satisfazer uma necessidade vital de realização. Essa realização precisa vir acompanhada de uma dose de show. Como não há normas que o limite, exatamente o limite é sua imaginação. Esse requinte, sempre nos deixa intrigados: Seja a frieza, o riso, o sacrifício, as palavras finais, o contar detalhadamente depois, a pose para as fotos, o colocar na mala, o esquartezar das vítimas, o estupro, o planejamento estratágico e outros infinitos casos ja conhecido por todos.

Possuem uma simpatia singular. São sedutores e o fazem constantemente. É a forma de atrair suas vítimas, que nunca são pegas de imediato. Há sempre uma dança de sedução, uma espécie de amadurecimento da idéia, para que esta aconteça de forma fria e cruel. Até nós, vendo de longe, somos fascinados por sua frieza, pela sua performance e por sua ausência de culpa. São dotados de um poder de convencimento sem igual. Sua envolvência, parece magia. São fáceis de serem amados. Eles conseguem por muito tempo, camuflar-se, coisa que o neurótico não sabe fazer. O neurótico, sempre se entrega, ou seja, eles sempre trocam os pés pelas mãos, usando um dito popular.

Socialmente falando, outro fator preponderante do psicopata é um forte traço narcisista. Se acaham únicos, superiores, imprevisíveis, sem escrúpulos, e claro, excessivamente egoístas. Notem que no caso Bruno, ele demonstrou forte preocupação, já tendo sido preso, em nao saber se iria ou não disputar a copa do mundo de 2014. Precisam de holofotes. São charmosos e dizem isso com o maior orgulho. Notem que, o psicopata possue característica narcisista, que muitas vezes, acentua-se mais, do que o próprio portador deste transtorno. Seu amor-próprio é tão elevado, que, quando querem ofuscar-lhes, eles matam, mandam matar.

Não podemos pensar erroneamente, associando psicopatas como violentos, insanos, cruéis e de fácil identificação. Por certo, convivemos com alguns deles, seja no trabalho, no círculo social, na igreja (sim, na igreja) ou nas instituições de ensino. Nem todo transtono de sociopatia está ligado a uma série de assassinatos, ou vice e versa. Se assim fosse, seria fácil fugir deles. Eles nos seduzem. Olham nos nossos olhos. Fazem teatro. Se precisar, eles choram. Em geral, os sociopatas possuem emoções, embora rasas e breves.

Dados mostram, que a cada 25 pessoas, 1 pode ter traços psicóticos. E que provavelmente é do sexo masculino, uma vez que esse comportamento é menor entre as pessoas do sexo feminino.

O que devemos lembrar sempre é que, como nos nossos desejos sexuais, uma vida em sociedade requer uma séria de repressões, negações e fugas de alguns instintos, muitas vezes primitivos. Portanto que bom, que sentimos remorso, culpa, que choramos verdadeiramente, que conseguimos pedir desculpas, que sentimos vergonha por alguns atos que julgamos errados. Santo não somos com certeza. Mas também não queiramos ser psicóticos.

Paulo Veras é psicólogo clínico e organizacional, psicanalista e professor universitário em Goiânia-GO

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