Esta é uma das formas mais comuns que muitas histórias
terminam, antes mesmo de terem a chance de começar. Para ter a possibilidade de
amar, é preciso primeiro resolver algumas questões próprias, justamente para
não transferi-las para o outro, a quem temos a intenção de seduzir.
Porém mora ai o problema, pois quando idealizamos
o outro – mesmo não sabendo disso – estamos eliminando-o. Ao idealizar alguém,
nós o anulamos como pessoa, com a sua individualidade, com a sua subjetividade,
e, automaticamente, ele se torna nada mais que um produto de nossa própria
fantasia.
Assim, projetamos nossas próprias ideias, imagens
e exigências e com isso, temos a certeza que essa pessoa, de fato, vai
cumpri-las. Não queremos alguém como de fato ela é, mas sim, queremos alguém
que imaginamos. Assim, as distorções em qualquer relação começam com a
idealização.
Ainda há o risco, de que, para ser aceito dentro
da fantasia do outro, vamos nos encaixando ali e revirando aqui. Para se caber
dentro da fantasia que o outro criou, vamos cedendo às cobranças para uma
perfeição, de quem um dia criou uma distorção. Por isso é preciso cuidado – com
as idealizações que fazemos e com aquelas que aceitamos.
Pense nisso: a idealização nos faz ver somente o
que é bom no outro, alimentando assim a nossa própria fantasia. E com essa
“falsa” visão, vamos construindo uma pessoa maravilhosa em nosso imaginário,
sempre colocando-o em um lugar especial. O perigo, é que para tirá-lo lá
depois, o trabalho será muito maior, quando a fantasia acabar.
Paulo Veras é mestre em educação, psicólogo clínico e organizacional, psicanalista, pedagogo, escritor e faz palestras, especialista em educação especial e inclusiva, especialista em docência do ensino superior e professor universitário em Goiânia-GO