Não tem jeito: quando nos dispomos a relacionar com alguém,
criamos uma série de expectativas sobre o outro e isso não configura um grande
problema.
O problema maior é quando nos apegamos à nossas expectativas.
É quando não abrimos mão da falta ao ponto de dizer que ou é do seu jeito ou
nada acontece. Entender que esse elemento é sempre individual e procurar
entender o que de fato está acontecendo, ajuda muito a lidar com a frustração
(que também é individual) quando os seus desejos não forem atendidos.
Além disso, o perigo reside ainda no fato de que temos a
tendência a idealizar no outro, algumas projeções para além – ou para aquém -
daquilo que o outro realmente é. Quando isso acontece, estamos abrindo uma
porta para ignorar as faltas do outro e para menosprezar o nosso papel nesta
relação, ou seja, o outro é sempre mais importante do que eu.
Reconhecer que o outro é um sujeito que não tem a obrigação
de atender as nossas expectativas é acima de tudo libertador. Porém é mais
libertador ainda, entender que não precisamos da afirmação do outro para que
nós aprendamos a lidar com as nossas expectativas. Viver sempre na base do 8 ou
80 é sofredor, até porque os dois lados são a mesma coisa: extremos. Viver de
extremos, além de neurótico é perigoso.
Portanto, não é o amor que nos decepciona ou outro sentimento
que acontece em todas as relações. O problema pode estar no excesso de
expectativas que depositamos nestas relações; na incapacidade de ver os dois
lados da situação; na incapacidade de ver e lidar com a realidade e sobretudo,
de lidar com a frustração quando não acontece o que você planejou.
Paulo Veras é mestre em educação, psicólogo clínico e
organizacional, psicanalista, pedagogo, escritor e faz palestras, especialista
em educação especial e inclusiva, especialista em docência do ensino superior e
professor universitário em Goiânia-GO.