quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

QUANTO CUSTA O SEU AMOR?


É interessante pensar, a quantidade de tempo e energia que passamos analisando e julgando a vida das pessoas. Me refiro ao tipo de relação amorosa que elas levam, sejam namoro, casamento, relacionamento extra conjugal, relacionamento aberto, etc. Pra ser mais preciso, analisamos se é hétero, se é gay, se é bi, se é novo, se é feio, se é rico, se é compatível, se é verdadeiro, se é por interesse... e no fim, quase sempre queremos descobrir (como se necessário fosse) se de fato é amor.  

Por outro lado, raramente gastamos tempo e energia para analisar o tipo de relação que mantemos ou a que tipo de relação nos prestamos. Quase nunca perguntamos a nós mesmos, que tipo de amor estamos construindo ou que tipo de relação fazemos para ter do lado, alguém que durma conosco, nos beije, que faça um sexo bom, que dê atenção e porque não para chamarmos de "meu". Ou ainda, porque nunca fazemos a nós mesmos, a seguinte pergunta: Quanto custa o nosso amor?

Talvez você ainda não percebeu, mas por conta dessa relação, você ganhou peso, perdeu alguns valores, adquiriu alguns hábitos ruins e aquilo que você abominava passou a defender. Até confessa, que nem você próprio se conhece. Passou a usar drogas, afastou dos seus melhores amigos e de sua família, criou um mundo paralelo e deixou de ser você. Se pergunte: Vale a pena?

Não tem notado, que passou a ser controlado, prisioneiro de si mesmo, sufocado, chantageado e muito mais inseguro. É passado pra trás sempre que pensa que está na frente. Mas você ainda pensa que ser feliz é estar acompanhado. Seus novos amigos não foi você quem escolheu e os lugares que você frequenta não é você quem escolhe. As músicas que você gostava de escutar, já não escuta mais. A sua autoestima há muito tempo está no lixo. Aquilo que você chamava de dignidade hoje tem o nome de status. É uma pena que pense que isso é amor. 

Tudo bem que o jantar você não paga ou quando paga é somente a metade. Anda de carro bom, usa óculos de altas cifras, os perfumes são os melhores e suas roupas são as mais desejadas, viaja sempre que quer e provavelmente publica tudo isso em redes sociais. Sim, o que há de mal nisso? Isso é ótimo. Mas você nem notou, mas aprendeu nesta relação, que ser romântico é dar e receber presentes. Presentes caros. Em troca a tudo isso, a exploração dos seus sentimentos se vai. Sim, elas se cicatrizam mas deixam marcas que nem o tempo apaga. Afinal, se pergunte: Quanto custa o meu amor? 

Você não tem notado, mas você está muito diferente. Suas palavras e os seus gestos não são mais os mesmos. Sua agressão é outra e sua forma de ver o mundo também mudou. Agora tem ataques de ciúmes, usa de sua possessividade e tem um medo grandioso de perder o troféu que você tem chamado relacionamento. Cabe repensar o que é de fato romantismo e mais do que isso, quais são os comportamentos que ele desencadeia. A relação que você alimenta é a relação do "que temos" ou a relação do "que somos?" Tem parcelado o seu amor? Qual é o peso/preço de suas parcelas? 

É claro que é mais fácil analisar o amor dos outros. A diferença é que o preço da relação dos outros não é definitivamente nós que pagamos. O peso que uma relação carrega, é sobretudo o peso de cada um. A permissão que cada um determina ter, é o presente que elimina a solidão, afinal para muitos, e melhor estar mal acompanhado do que só.

Então, combinemos que, antes de olhar o outro e perguntar: "Que relação é esta?", vamos nos perguntando todo dia: "Que relação eu tenho?"


Paulo Veras é psicólogo clínico e organizacional, psicanalista, especialista em educação especial e inclusiva, especialista em docência do ensino superior e professor universitário em Goiânia-GO. 

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