quarta-feira, 5 de março de 2025

ONDE SE TEM A INTENÇÃO DE AMAR, PRECISA-SE TER A CORAGEM PARA PERDER

 


Parece um contraditório, uma vez que se parece buscar no outro, a alma gêmea, aquilo que nos falta, ou ainda, aquilo que vai nos completar. Se é educado para buscar no outro o que falta em nós.

Para amar, é necessário confessar a falta, o vazio e reconhecer que se tem necessidade do outro, que ele lhe falta. Os que creem ser completos sozinhos, ou querem ser, não são vistos com bons olhos pelos demais. Não saber amar, é enxergado com olhares dolorosos.

Porém, o Psicanalista Francês Jacques Lacan (1901-1981), dizia que “amar, é dar o que não se tem”, ou seja, amar é reconhecer sua falta e doá-la ao outro, colocá-la no outro, por isso o sofrimento associado ao ato de amar.

Logo, quando amamos, esperamos do outro a realização da fantasia que projetamos nele. Por isso, se imagina que o amor permite imaginar que o outro será amável, agradável, enquanto esse outro, é, de fato, difícil de suportar, de conviver e cheio de falhas.

Já o Filósofo Contemporâneo, nascido na Eslovênia, Slavoj Žižek (1949), nos alerta que é impossível amar uma pessoa perfeita. Para que o amor aconteça, é preciso que haja algum elemento perturbador neste ideal de perfeição, neste ideal de relação. Segundo ele, quando se percebe esse elemento, o sujeito, de forma consciente, pode dizer, que apesar disso, ainda ama.

Ele ainda diz, que o amor é muito mais do que um sentimento romântico ou uma troca de afeto e carinho. Ele enxerga o amor como um campo de batalha, um cabo de guerra, onde nossas necessidades individuais e desejos pessoais se confrontam com as expectativas do outro, da sociedade e das diversas pressões culturais.

Ainda segundo ele, não amamos e nem queremos a pessoa que é perfeita. Queremos a pessoa que nos faz sentir perfeitos, desconstruindo assim a noção do amor como idealização do outro, mas sobretudo, o amor como idealização voltada somente para construção da minha identidade.

Portanto, não se iluda, o amor não é somente uma questão de emoções, mas também de poder, ideologia, controle e sofrimento.

Paulo Veras é doutorando em educação; mestre em educação; psicólogo clínico e organizacional, psicanalista, pedagogo, escritor e faz palestras, especialista em educação especial e inclusiva, especialista em docência do ensino superior e professor universitário em Goiânia-GO

ONDE SE TEM A INTENÇÃO DE AMAR, PRECISA-SE TER A CORAGEM PARA PERDER

  Parece um contraditório, uma vez que se parece buscar no outro, a alma gêmea, aquilo que nos falta, ou ainda, aquilo que vai nos completar...