quinta-feira, 12 de agosto de 2010

DOAÇÃO DE ÓRGÃOS: CASO JOYCE e LILIAN

É impressionante como vida e morte se confundem. Quase sempre andam juntas e frequentemente uma tenta tomar o lugar da outra. Nesse embate, sempre haverá uma vencedora e uma delas, é a que sempre queríamos que não vencesse.

Quero com isso relatar a história de duas mulheres, que muito recentemente travaram esse embate. Joyce e Lilian, duas mulheres em busca de um ideal comum: O transplante de uma órgao. Ambas, dispuseram-se a lutar em favor da vida, fazendo tudo que podiam para não entregar-se.

Joyce precisava de um rim para voltar a ter todo o vigor de sua vida. Para continuar trabalhando, sendo a mulher de força e fibra que sempre foi. Com um novo rim, ela queria continuar a ser o apoio e a referência da família. 

Lilian precisava de um fígado. Com ele, ela fugiria de um passado recorrente, onde familiares perdeu a vida, por falta de um. Lilian, além de cantora excepcional da Banda Voz da Verdade (www.vozdaverdade.com.br), era mãe de duas crianças e a esposa, grande companheira.

Com o apoio de amigos e família do lado, chegou o grande dia para ambas. Joyce, recebeu o rim do irmão e sua recepção não podia ter sido melhor. Sua vitalidade e a disposição, parecem atestar que a mesma nunca precisou da ajuda de um órgão para voltar a ter a vida que tem hoje. 

Lilian, também recebeu o seu fígado. Não teve a mesma aceitação que teve a Joyce. O organismo rejeitou. Um segundo fígado lhe foi enviado, mas em condições inferior. A batalha entre vida e morte continuava e infelismente quem venceu, foi a morte. Lilian nos deixou na madrugada do dia 04 de agosto. O choque em perder a Lilian, foi proporcional à alegria em não perder a Joyce.

A guerra por um orgão, que vale uma vida.

Acontecimentos como estes dois, só nos levam a refletir, quando temos os mesmos bem próximos ou dentro de nossas casas. São esses momentos, que nos faz pensar, no tamanho da importância que é a palavara doar. Doar, é a capacidade de dar algo nosso a alguém. Não se trata de vender, emprestar, ou apenas desfazer. Doar e dar, sabendo que no fundo ainda é seu, justamente porque, quem receberá continua sendo nosso.

Doar as pequenas coisas, já é um bom começo. Doar atenção, cuidado, tempo; doar cariho, um pouquinho do que sabemos, um pouquinho do que temos. Doar, não porque se sente obrigado, mas doar porque se sente invadido por uma causa. Daor sangue, doar plaquetas, doar medula, fica sendo um passo um pouco maior, por se trata de algo que ainda podemos dar, quando temos a capacidade de doar sempre.

Quando chegamos à grandiosidade de doar um orgão, como foram os orgãos de Joyce e Lilian, maior fica sendo esta dádiva. Digo dádiva, porque é uma das formas de trabalharmos a eternidade. É forma de manter aqui, aquele que já se foi, mas que fica, por que há um orgão pulsante no corpo de quem precisa. Saber que a possibilidade de vida existe e que naquele momento está contida em um orgão é algo chocante.

Com esse manisfesto, queremos dizer, que se você ainda não é um doador de órgãos, comece a pensar na possibilidade. Comece a jogar do lado da vida. Se você pode, doe sangue, doe plaquetas, cadastre-se num banco de sangue e entre no cadastro mundial de doadores de medula óssea. E ainda, se puder, doe seus órgãos e deixe que a vida continue aqui, através de você em outras pessoas.

Minha amiga Lilian, não teve o mesmo destino que minha outra amiga Joyce. Lilian amou muito a vida e nos deixou lutando por ela. A outra, continua aqui nos alegrando e ensinando que, viver é também um ato de doação.



Paulo Veras é psicólogo clínico e organizacional, psicanalista e professor universitário em Goiânia-GO

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