Sim, para Lacan (1962) a angústia é um afeto, embora para
ele esteja no campo de uma perturbação e não de um sentimento, pois é o sinal da divisão do
sujeito entre o desejo e o seu gozo. Afeto, este, de suma
importância, pois existe para nortear o sujeito e por isso mesmo, ela nunca engana.
Já para Freud (1926), a
angústia é sinal da relação do sujeito com certo objeto, está no campo
do real e atravessa o sujeito em sua realidade. Ou seja, é do real que a angústia
traz o recado.
A angústia em suas mais variadas manifestações, está presente
em todos os humanos e aparece como uma experiência universal, cheia de sentidos
e significados que vão desde um simples desconforto até algo visceral que foge
ao campo da explicação lógica. Assim, a angústia é uma experiência singular que
escapa a simples associações e a questões concretas.
No campo da psicanálise, ela pode atuar em duas frentes: em
primeiro plano pode ser entendida como a manifestações de conflitos reprimidos
que voltam à consciência do sujeito, em formas confusas e não elaboradas. Em segundo
plano, ela pode assumir uma função protetora, e age como uma sentinela, alertando
o ego diante de ameaças, interna ou externas. Sendo assim, ela tem o poder de paralisar
o sujeito ou de levá-lo a enfrentar a realidade.
Embora seja uma experiência dolorosa para o sujeito, é através
dela que se relava a vitalidade psíquica do sujeito, mostrando a sua capacidade
de transformar-se. É a partir dela que se pode ter uma compreensão mais aprofundada
de si mesmo, explorando traumas passados, conflitos não resolvidos e desamparas
que ainda buscam por amparo. Portanto, é necessário se ter uma dose de angústia
para sobreviver.