A rejeição dói. E não é só pelo “não” do outro.
Muitas vezes, o sofrimento profundo que sentimos diante da rejeição não está
ligado apenas à atitude alheia, mas a algo muito mais íntimo: a forma como
lidamos com nossas próprias inseguranças.
É preciso entender que, muitas vezes, o medo da
rejeição não é o medo do outro. Muitas vezes, é o medo de si mesmo. O que
acontecerá comigo, se mais uma vez eu for deixado? Por que ninguém fica comigo?
Geralmente, tememos mais que o outro confirme o
medo que já temos – e isso valide a nossa fragilidade – do que necessariamente
o medo de ser rejeitado por alguém. A grande ferida não está na ausência do
outro, mas na confirmação interna de que talvez aquilo que mais tememos sobre
nós seja verdade: não somos bons o suficiente, não somos dignos de ser amados,
não somos merecedores de permanência.
Quando alguém nos rejeita, é como se essa ação
ativasse um espelho que escancara nossas inseguranças. O que dói não é o outro
ir embora, mas o que isso diz sobre nós, dentro de nós. Por isso, enfrentar o
medo da rejeição é um processo de auto acolhimento. É olhar com gentileza para
si mesmo e dizer: “Você merece estar aqui. Mesmo que te digam o contrário, você
tem valor.”
Portanto, não é sobre impedir que os outros
partam. É sobre não permitir que a partida deles leve também a sua autoestima,
a sua história, a sua essência. O medo da rejeição começa a diminuir quando
entendemos que a presença ou ausência do outro não define quem somos. Que
ninguém tem o poder de dizer o nosso valor — só nós.
O convite, deve ser então, olhar para si mesmo,
com mais amor do que com mais medo.
Paulo Veras é doutorando em educação; mestre em educação; psicólogo clínico e
organizacional, psicanalista, pedagogo, escritor e faz palestras, especialista
em educação especial e inclusiva, especialista em docência do ensino superior e
professor universitário em Goiânia-GO

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