sexta-feira, 1 de maio de 2009

O VALOR DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE INDEPÊNDENCIA


Falar da independência da família, sempre me remete à mamãe águia, como forma de representar um ciclo da vida. A mamãe águia, com toda boa mãe, sempre presa pelo carinho, pela proteção e pelo cuidado para com seus filhos. Faz um ninho seguro e confortável, cobre-o com pele de ovelha e o mantêm sempre aquecido. Além disso, sempre fica presente no ninho, saindo de lá apenas para buscar comida, onde depois de encontrada, alimenta seus filhotes no bico. Um papel exemplar para uma mãe.

Mas com o passar dos dias, essa mamãe nota que seus filhos já podem, aos poucos irem perdendo essa dependência e devem, portanto, começar a sentir a vida, como de fato é fora do ninho. Uma das primeiras medidas a ser tomada, é a retirada da lã que cobre o ninho: Os filhotes começam a sentir os espinhos que há por debaixo da lã quente e confortável.

Em seguida, a comida que vinha ao bico, não é mais colocada e cada um dos filhotes, precisa dividir entre si, seu pedaço de alimento. Há assim, uma certa inquietação no ninho e o que era cômodo, passa agora a ser desconfortável. A mamãe águia, que cada vez mais fica ausente do ninho, procura agora uma forma de fazer com que cada um dos seus filhotes procure sua independência.

O próximo passo, é levá-los a voar. E não é uma das tarefas mais fáceis. A mamãe águia sobe a certa altura, com seus filhotes presos nas asas, e de lá, os arremessa, forçando-os a voar. Eles precisam voar! E nesse treino, ela os deixa quase cair ao solo, onde novamente, os leva às alturas e mais uma vez os joga no espaço. Logo, eles estão voando.

Esse processo deve acontecer conosco, os humanos. Para isso, a base que norteia esse valor, deve ser, sem sombra de dúvidas a família. E é esse processo familiar que nos coloca nas relações com o outro, que nos dá noção de troca, valores, regras, leis, disciplina, coragem, enfim, é o ápice do desenvolvimento biopsicossocial do ser humano.

O excesso de carinho, a proteção demasiada, o rodear a criança com objetos de consumo não fará desse filho, um independente equilibrado, capaz de fortalecer seus laços com o outro, nem tão pouco, capaz de fazer seus julgamentos e de projetar seus ideais.

Não podemos também, confundir essa independência, como quebra do vínculo familiar. A independência proposta aqui, deve ser entendida como o equilíbrio do ser humano, que lhe dá capacidades para se colocar no lugar do outro, perceber seus limites e suas possibilidades, entender a capacidade dos que se relacionam no meio, e acima de tudo, capacidades também, para formar uma família.

A sociedade que esse indivíduo encontrará lá fora, será uma extensão da família que o assegurou, que o ensinou a respeitar as diversidades, o diferente, o novo sem contudo desrespeitar o velho. Deve ser uma família, baseada em valores morais, princípios éticos, com suas bases religiosas, que preserva sua cultura, sua história e acima de tudo, leva seus membros a construir seus próprios valores, o que só será possível, mediante a independência.

O papel fundamental da família deve, portanto, ser de assegurar esses valores, que hoje, cada vez mais se perdem com o supérfluo e com a desvalorização do seio familiar. Deve ser entendido também, que o equilíbrio da independência deve partir da base familiar, onde cada um dos membros entende seu papel, sabe as suas tarefas e respeita o limite de cada um que compõe a casa.


Paulo Veras é psicólogo clínico e organizacional, psicanalista, especialista em educação especial e inclusiva, especialista em docência do ensino superior e professor universitário em Goiânia-GO. 

7 comentários:

Andre, Lilian e o Pedro disse...

Amigo acabei de entrar e voce tinha acabado de postar. Poxam pra mim que serei papai em pouco tempo, esse tempo foi fundamental. A Lilia também agradece pela riqueza. Abraços de nos tres.

Ines disse...

OI. Gostei muito do seu blog e quero vir aqui sempre. valeu

THIAGO SOUZA disse...

COMO SEMPRE, PRAZEROSO VIR AKI, E COMO SEMPRE NÃO PODERIA DEIXAR DE DZER O QUANTO E BOM RELFETIR NUM BOA LEITURA...ABRAÇOS AMADO, FICA EM PAZ, E QUE DEUS O ABENÇÕE SEMPRE,SEMPRE,SEMPRE....
BY

Mercia disse...

Paulo, de muita praticidade o que voce escreveu aqui. Confesso que passei a ver de outra forma essa relação entre mae e filho. Obrigada.
Mércia

sand veras disse...

Gostei muito do seu blog...tá de parabens!!! beijos

Janaina disse...

Drº Paulo Veras, eu li e gostei muito dos seus textos.
Estarei sempre por aqui. Abraços

Anônimo disse...

Hum... de forma simples mas no amago das palavras tu disse td a respeito da familia q está deteriorada.


Isahías

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