segunda-feira, 12 de março de 2012

QUEREMOS SEMPRE IDEALIZAR O PASSADO?

Quando posso, fico observando o comportamento das pessoas, suas falas e atitudes, nossos atos e significados e cada vez mais me convenço de que, queremos sempre repetir o passado, ou quem sabe, refazê-lo de forma melhor. O passado é sempre belo, mesmo que ele não nos traga as melhores lembranças e sensações. Quanto mais distante ele fica, mas saboroso o é!

Estamos sempre à procura do novo, do atual, do ainda encantandor, mas a verdade é que a vida é como já foi um dia. Ela era melhor antes? Vem se tornando mesnos saborosa? Queremos sim, ser felizes, ter família grande, ser aceito na sociedade, ser reconhecido, ser amado por alguém. A família que queremos por exemplo, é aquela ainda feita de pai, mãe, irmãos, cachorro, gato, plantas, barulho, e essa família, está cada vez mais rara. Ficou registrado na história somente. 

Queremos mesmo que o passado volte, quando pensamos em crianças que brincavam mais, eram mais criativos, usavam o que tinham e brincavam o dia inteiro. Ir a escola, era de fato um processo de aprendizagem e não, em grande parte, um risco de vida. A gente prefere o passado, quando a adolescência era de fato vivida e não somente inventada e ir ficando adulto, era um acontecimento e não um simples trocar de idade. 

Nossa saudade é mesmo construído de um passado sem tanta violencia, do pique esconde na rua, das igrejinha do interior, das festinhas só com conhecidos,  da comidinha caseira e cheirosa da avó. Passado que hoje podemos atestar: Quanta sabedoria tem os nossos avós, ainda que muitas vezes, analfabetos. O passado que queremos refazer, era cheio de energia, de gritos e barulhos, de abraços, de pequenos presentes e de grandes agradecimentos. Passado bem mais grato.

As músicas do passado, eram melhores? As cores e cheiros eram mais saborosos? Os preconceitos eram menos cruéis? As pessoas se cumprimetavam mais? Educar era mais fácil? Sem duvida há um passado que é um presente colocado a todo momento em nossa vida e recusá-lo por der um presente que deixamos de ter e que nos machuca. Esquecer o passado é talvez, não ver um futuro que nos convida a todo instante e que  nos envolve a construí-lo. 
 
As amizades eram mais sinceras? Os relacionamentos duravam mais? As pessoas eram mais verdadeiras? Reinventar o passado e fazê-lo acontecer de novo, seria pedir que as pessoas se respeitassem mais, que a figura do vizinho voltasse a existir, que os valores que nossos avós nos ensinaram continuassem a existir e que cada vez mais, a gente imitasse nossos pais.

Os erros que cometemos no passado, sempre são aqueles que esperamos não comenter de novo. Mas até esses, parecem que as vezes, gostaríamos que acontecessem novamente, so para zerarmos o cronometro e refazer uma nova história. Como no passado, evitamos o sofrimento, perseguimos a felicidade, somos obstinados pelo sucesso e todos os dias, estamos na frenética briga pela sobrevivência.  

Tal qual no passado, nós só queremos viver o presente sem rasgar o embrulho que a vida o embala.
 

Paulo Veras é psicólogo clínico e organizacional, psicanalista, especialista em educação especial e inclusiva e professor universitário em Goiânia-GO.  

6 comentários:

Emerson Caldas disse...

O passado surge porque não permitimos que as mudanças aconteçam. Nos agarramos às coisas, desejamos que permaneçam estáticas. É a partir daí que surge o sofrimento ou talvez alegrias. Ninguém pode estar certo do que vai acontecer no próximo momento. O que dizer então do futuro? A mente está no passado, está sempre naquele ponto. Lembrei-me de uma observação quando peguei uma carona para casa, estive observando um amigo que sempre olhava pelo espelho do retrovisor, que é a peça fundamental do veículo para não cometer um acidente quando se está dando ré no seu carro... Comecei a observar todas as pessoas em seus carros, comecei associar o espelho do retrovisor como um olhar para trás, um olhar no passado, mas devemos olhar com cautela o retrovisor, é certo que sofrerá um acidente. A mente funciona assim, um espelho do retrovisor, mas a vida se move sempre para frente, ela não pode voltar atrás. Minha sugestão é de que nunca perca uma oportunidade que possa lhe trazer algo de novo. Nunca se atenha ao passado e permaneça aberto, experimentando...Sempre pronto para trilhar um caminho que você nunca percorreu. Quem sabe? Mesmo que isso se mostre inútil, terá sido uma experiência.

DoUgLaS BaRrAqUi disse...

Ola meu caro amigo Paulo.

Achei provocativo e instigante o título de seu artigo e me pus a lê-lo. Realmente as pessoas, e suas memórias, tendem a idealizar o passado partindo da concepção do que era belo ou supostamente melhor. A questão, falo isso com relação a visão da historiografia moderna, é que a história não é ciclica como os gregos assistiam, a história é linear uma constante e insesante busca, dentro de uma dicotomia “bem/mal”, pelo que consideramos como sendo o melhor, o sucesso, a felicidade e a realização.

Se as músicas do passado, eram melhores? As cores e cheiros eram mais saborosos? Os preconceitos eram menos cruéis? As pessoas se cumprimetavam mais? Educar era mais fácil? As amizades eram mais sinceras? Os relacionamentos duravam mais? As pessoas eram mais verdadeiras? Acho (meu pondo te vista como historiador) Depende, é claro, da construção da memória de cada um. E essa impressão é latente pois, bem como todas as suas interrogações são possíveis, graças ao fato de que a história não se repete. Isso se da pelo fato de que o passado esta sempre presente, o presente se torne a cada milêsimo de segundo passado, e o futuro costuma cair em meio a vão. Acredito, falo com a visão de um historiador, que isso é resultado de nosso momento construida históricamente.

Parabéns pelo texto. Gostaria de sua autorização para trabalhar com ele em sala de aula, farei é claro justa menção ao autor.

Aguardo respota...

Muitas alegrias em decorrência do sucesso para todos nós!

Marcio Nicolau disse...

em dois tempos tudo muda, Paulo. Bobagem manter o passado presente! E igualmente bobagem descartá-lo. Passado, presente e futuro co-existem no Agora, único tempo existente.

Pra mim, só está "à procura do novo" quem não vê que o novo sempre vem.

Tomara que seja mesmo passado a família instituída papai, mamãe, titia... Infelizmente papai-mamãe ainda é a posição da maioria...

Pois sim, encolheram as famílias. Por que será então que o barulho só aumenta? É que estão todos querendo resgatar os valores (monetários) perdidos, meu caro.

Mas as novas famílias de fato, têm dois pais ou duas mães agora. E tais grupos são o novo gritando! É claro que os reacionários querem silenciar.

Se quer saber, eu ouço ainda a música do passado, amigo. Ela está presente, no meu dia-a-dia.

E as cores também estão. Apesar do mundo em preto e branco e tintas tão carregadas de violência.

Não persigo a felicidade, porque ela me acompanha. E não entro em briga. Principalmente pela sobrevivência.

Vivo a vida, a vida a me embalar. Até que o sono se abata sobre mim eternamente.

Marcio Nicolau disse...

Feliz que o comentário tenha sido bem recebido, Paulo. Às vezes, proposições críticas são encaradas como ameaças e imediatamente rechaçadas. O que é uma perda, a meu ver. Porque ao invés de destrutivos, os contrapontos, pra mim, são construtores. Saiba: é um bom sinal a tua abertura. Tem verdadeiro valor essa atitude.

Espero que mantenha o contato.

Um abraço.

Marcio.

Unknown disse...

Saudosas lembranças eu tenho do meu passado, trabalhei em um empresa onde viajava muito, sempre estava com amigos e amigas por esse Brasil a fora. Recebi uma proposta para mudar de emprego e nem pensei duas vezes, era muito melhor financeiramente, porém agora me dei conta que não não deixei apenas um antigo emprego, mas deixei pessoas que realmente me fazem falta. Agora durmo as noites relembrando o passado, sem saber se um dia voltarei a conviver com aquelas pessoas.

Michael Carvalho Silva disse...

Morro de saudades da minha infância no início da década de oitenta do século vinte quando eu ouvia no rádio a canção Rain and Tears do lendário e extinto conjunto musical grego Aphrodite's Child na voz do grande e saudoso Demis Roussos e também quando eu acompanhava as aventuras da loura e belíssima super-heroína discothéque da Marvel Cristal cujo nome verdadeiro é Alison Blaire em gibis marvelinos antigos da Editora Abril como Heróis da TV e Capitão América. Bons tempos que infelizmente jamais retornarão.

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