terça-feira, 6 de março de 2018

A HORA DO DESFRALDE



Algumas alunas, algumas mães, poucos pais, sempre me perguntam, qual seria a hora ideal para fazer o desfralde (tirar a fralda) da criança. Nesse momento, é normal que as famílias e cuidadores tenham pressa para fazer isso e sempre é bom lembrar, que em alguns casos, a pressa é inimiga da educação. Portanto, nunca deve-se esquecer, que é a criança que deve ir fazendo essa passagem e será um processo natural do seu desenvolvimento. A interferência precoce dos pais, quase sempre não ajuda como eles gostariam de ajudar. A fralda não deve ser removida, ela deve ser deixada e a maturidade neurológica e afetiva da criança irá determinar este momento.
Recomenda-se que a que a fralda não seja tirada muito antes da criança completar dois anos de idade. Antes disso, é natural que ela não esteja preparada para este momento. É a partir do segundo ano de vida que a criança começa a se sentir capaz, útil e segura e o ambiente que ela está inserida é fundamental para este momento. Ela começa a ter noção que produz xixi e cocô. Nestes momentos, ela vai emitir sinais claros que o incomoda, onde a interferência do adulto será sempre vem vinda. É sinal de inteligência por parte dos pais, quando não forcam este momento, afim de não auto se frustrarem e para não criar traumas em seu filho. Não adianta forçar. Será natural.
Outro ponto importante é que os pais devem observar o comportamento dos seus filhos. Precisam ficar atento à capacidade de controle do esfíncter, ou seja, repare se a criança se queixa da fralda suja ou se avisa quando quer fazer suas necessidades. É comum que algumas se escondam em um canto da casa, outras se isolam, há as que se abaixam ou se agacham e estes são sinais que demonstram a consciência de suas eliminações e para tanto, estão se aprontando para começar o ritual do desfralde. Então, nada de forçar a criança a ir no vaso, nada de fazer piadas ou comparações, nada de chantagear, recompensar ou punir a criança para que ela faça suas necessidades, nada de criticá-la, chamando de “porquinho”, por exemplo, ou contar para outras pessoas na sua frente, sobre escapes ou comportamentos indesejados relacionados à sua fezes/urina ou citar o cocô usando-o como sinônimos em outros momentos.

Para começar, sempre faça o desfralde no período diurno, em um período do dia mais tranquilo para a criança. Evite por exemplo, um dia em que tenham visitas em casa ou outras crianças brincando. Sempre troque a fralda por uma peça similar: uma cueca ou uma calcinha. Durante todo o processo vá conversando com seu filho, explicando por exemplo, que que ele deve avisar quando quiser usar o banheiro e que você estará presente. É importante também, que os pais elogie quando a criança avisar a tempo de usar o banheiro, mas, se escapar, nunca deve se irritar. Acontece. Diga que, da próxima vez, ela deve avisar um pouquinho antes.

Contudo senhores pais, o tempo de desfralde varia de criança para criança. Vários fatores levam a esta variação, como por exemplo a rotina da casa, o exemplo que a criança tem, alimentação, variações do seu próprio intestino, entre outros. Pode levar poucos dias para uma criança ou meses para outras.
Quando perceber que o processo está estabilizado no período diurno, siga para o desfralde no período noturno. Se neste período, for mais demorado que o outro, não se assuste. Geralmente ele demora mais e pode ser necessário para algumas crianças de 6 meses a 2 anos e não esqueça, que o comportamento diurno, influenciará no comportamento noturno. Então, comece diminuindo a ingestão de líquidos, verifique a alimentação, antes de dormir, peça para ele fazer xixi, na madrugada, se possível, leve-o ao banheiro e assim, tente descobrir em quais horários na noite ele costuma fazer suas necessidades. Somente assim, ele vai aprendendo e mais tarde, irá sozinho, quando precisar. Precisamos no entanto, observar, que quando a criança, tem mais de 5 anos e ainda faz xixi na cama todos os dias, ou faz mais de uma vez por noite, pode ser caracterizado como enurese noturna, e é o momento de procurar um médico. 
Nunca devemos esquecer, que esse é um momento mais importante para a criança e não para os pais.

Paulo Veras é psicólogo clínico e organizacional, psicanalista, pedagogo, escreve e faz palestras, especialista em educação especial e inclusiva, especialista em docência do ensino superior e professor universitário em Goiânia-GO.

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