quarta-feira, 15 de abril de 2009

SOLIDÃO NUNCA MAIS

Sem duvida, Renato Russo acertou, quando disse: "Digam o que quizerem dizer, mas a solidão é o mal do século". Tal expressão, revela a quantidade de solidão que cada um de nós levamos no nosso dia-a-dia, em nossa luta diária pela sobrevivência, fugindo de uma vida comum. Ou quem sabe ainda, fazendo uma vida comum, atropelando em nossos próprios passos.

Também é paradoxal, o quanto solidão em nossos dias está em evidência. Num mundo cada vez mais eclético e cheio de pessoas, com cidades lotadas, baladas abarrotadas e gente se trombando nas ruas, possa existir tanta solidão. É o mesmo, que estar num ambiente com milhares de pessoas e sentir-se só. É o mesmo, que, estando rodeado de movimentos e sons, sentir se imóvel, numa surdez sem fim.

Mas para o gay, a solidão é sem dúvidas, ainda mais pesarosa. Digo isso, porque não se trata apenas de uma solidão de pessoas, mas também solidão de espaço, de divisão, de liberdade ou indepêndencia. Trata-se daquela solidão de cada dia, que consome sua quantidade exata de todo dia, sempre disfarçada num gole de bebida ou numa balada. A solidão que me refiro, é aquela que ás vezes, nem o grande amor do lado, os amigos verdadeiros presentes e o sol mais lindo no ceu, podem resolver. Refiro-me à aquela solidão nata, que é inerente á vontade de quem a convive. Refiro-me áquela solidão que não tem dono.

Estudos revelam, e a convivência atesta, que pessoas de vida complicada, estão mais vulneráveis a solidão. Precisamos é de simplicidade. Precisamos de praticidade. Precisamos descomplicar a vida, as relações, os desejos, os afetos e nossa existência. Infelismente, quase sempre, o gay é complicado. Ser gay é complicado. São emaranhados de sentimentos, desejos, curiosidades, medos (ou nada de medo), coragem e isso tudo misturado, sem certo controle, gera consequentemente muita solidão. Exatamente quando tudo isso bate na realidade, sobe uma certa poeira do impacto e isso chama-se solidão.

Há momentos na vida, em que a luz miúda de uma vela nos revela muito mais que mil holofotes. E holofotes não curam solidão.


Paulo Veras é psicólogo em Goiania.

10 comentários:

Thiago Souza disse...

Outra vez consegue deixar a gente sem reações e palavras,isso é a relaidade de muitos, mas as vezes fingimos ser o SOL, quando na verdade somos a LUA sem uma compania de uma estrela, as vezes fingimos felicidade e alegria, quando no fundo a tristeza da solidão nos toma conta, acho que todos tem medo da solidão, "eu tenho medo da solidão" em todos os sentidos.Realmente a frase final faz juz.
Lindo.
Parabéns de novuu!!!

Raphael disse...

POxa, sem palavras. Muito bom. Me passou uma fita pela cabeça agora... Pasarei o dia todo refletindo sobre isso.
Abraços Paulo.

André disse...

POxa Paulo, muito bom o seu escrito. Me vi em casa linha dele.
Abração

pauloreis disse...

Concordo em gênero, numero e grau.
Acho que uma das facetas desse problema é a pressa.
Estamos todos com pressa!!!
Pressa pra não chegar atrasados no trabalho, engolimos a comida por que o tempo nos apressa na hora do almoço, o banho tem que ser rápido por que tenho um compromisso logo mais tarde.
Nesse corre corre esquecemos de parar ante as pessoas, ante nós mesmos. Esquecemos de deter o olhar nas coisas pequenas, porém relevantes, nas pessoas que nos cercam e que são importantes, olhamos com pressa.
Precisamos demorar mais. Sentir mais, viver mais.
Olhar demoradamente para aquele garoto que vende bala no sinal, parar os olhos nos detalhes que nunca observamos.
A quanto tempo você não se olha demoradamente?
Se temos pressa não aproveitamos a companhia (das pessoas, dos amigos e nem a nossa própria).
Demoremos mais.

Carol disse...

Lembrei de Alceu Valença: "A solidão é fera, a solidão devora, é amiga das horas, prima irma do tempo..."

Muito bonito seu texto.

Tallita disse...

Hummmm
Desculpater demorado entrar aqui. Agora entrarei com frequencia.
Esta muito bom. Beijos

Diego disse...

Eita... Ja fazia uns dias que eu nao entrava aqui. Ta muito bom o texto sobre nossa solidão de cada dia. Abraços

Anônimo disse...

solidão... ausencia do eu na busca do desejante...

nao gosto, rsrsrsrsrs


belissimaaaaaaaaaaaaaaaaaaa prosa.

Estou adorando lê o seu blog, obrigado pela oportunidade.


Isahías

Anônimo disse...

Incrível esse texto! De fato,me parece que a solidão é realmente a pior coisa do século!
Parabéns pelo texto, pelo blog...

Anônimo disse...

Pra quem não sabe o que é associação livre, o seu texto é um exemplo perfeito.O que não é o seu caso, eu espero, afinal você se diz psicanalista.

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