Todos nós temos algumas dívidas com o passado e é normal que tenhamos medo de repetir algumas situações traumáticas. Esses fantasmas sempre tendem a aparecer.
Todos nós temos alguns segredos que queremos levar para a morte, ao mesmo tempo que tememos saber alguns outros segredos que nos escondem.
Sim, todos nós temos alguns silêncios que
insistimos em mantê-los ali adormecidos sem que nos causem dor e mais revolta.
Voltar a eles é sinônimo de perigo.
Interessante se pensar que, segundo Freud, a fuga é o instrumento mais seguro para se cair prisioneiro daquilo que se deseja evitar. Portanto, crescer custa caro mesmo, sobretudo quando entendemos que o adversário mais perigoso que temos contra nós, somos nós mesmos.
Por isso que a cura vem, quando conseguimos
conviver com esse passado sem sentir dor, embora esse passado seja sempre
revisitado. O ato de crescer implica em aprender que viver, é muitas vezes,
viver sem precisar da presença de outras pessoas e esse processo demora,
esfola, castiga, dói, mas lá na frente vemos que compensa.
Crescer, portanto, é muitas vezes um processo secreto, sem muitas testemunhas, mas, só você e suas dores. Isso vai acontecendo, não quando deixamos de lembrar ou de falar daquilo que ainda dói, mas quando ressignificamos aquilo que aconteceu: esses traumas, silêncios, segredos, abandonos e etc.
Não se suporta a dor evitando-a, mas se suporta
retirando o investimento que se dá a ela, desatando seu nós, diminuindo a
energia e a força que se dispensa àquilo que muitas vezes insistimos em manter,
sem resolução, muitas vezes por orgulho, outras vezes porque não se consegue.
Por isso, reviver e não sentir dor é um processo que precisa ser respeitado
antes de tudo, por você mesmo.
Paulo Veras é mestre em educação, psicólogo clínico e organizacional, psicanalista, pedagogo, escritor e faz palestras, especialista em educação especial e inclusiva, especialista em docência do ensino superior e professor universitário em Goiânia-GO.
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