Saber a hora de ir embora, de abandonar é um
decisão tão difícil como saber a hora de ficar, de apostar mais um pouco. Essa
dificuldade pode estar ligada ao fato de que acostumamos muito fácil, com
aquilo que acreditamos ser nosso. Supostamente, temos a ilusão de que algumas
coisas nos pertencem. Essa dificuldade de ir ou de ficar, faz com que queiramos
sempre algumas certezas, algumas confirmações para validar a nossa decisão.
Embora seja muito claro para uns, ainda há
outros que imaginam conseguir resolver
as equações matemáticas do destino, por isso mesmo, precisamos acreditar nelas
para que as nossas decisões sejam tomadas com menos dores e uma margem menor de
erros. Na verdade, ter razão e ficar em paz é tudo o que queremos, mas essa
conta não se fecha com facilidade. Tudo o que queremos é tomar a decisão
correta e ter certeza depois que tudo fez sentido e que foi a melhor decisão
tomada.
A
experiência de vida de cada um, aquela construída com o tempo e com as
vivências, vão nos mostrando quando o relacionamento já acabou, o emprego não
serve mais, a amizade perdeu o sentido, o casamento já morreu tem um tempo e
que o grande amor que se acreditava, não decolou. A gente vai aprendendo que ir
embora dói, mas andar em um passo atropelado, dói bem mais e ficar é cruel.
Com
o tempo, também aprendemos que a dor de ir embora é menor do que a dor de ficar
para tentar se encaixar nos planos de alguém. Vamos descobrindo que dor mesmo,
é se adaptar ao mundo do outro, quando o outro espera que você siga.
Partir
requer coragem, até porque exige-se que consigamos construir o nosso próprio
caminho, mas por outro lado, ficar sem a reciprocidade necessária, significa
perder a oportunidade de ser o seu próprio porto, decidindo a hora de ir e a
hora de ficar.
Paulo Veras é psicólogo clínico e organizacional, psicanalista, pedagogo,
escreve e faz palestras, especialista em educação especial e inclusiva,
especialista em docência do ensino superior e professor universitário em
Goiânia-GO.
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