Será se sabemos
que grande parte da nossa angústia vem ao perceber a nossa falta? Em 1925 Freud
escreveu o texto Inibição, Sintoma e Angústia abordando este assunto tão
discutido hoje. Nos tempos atuais, podemos modificar a ansiedade pela palavra
angústia.
Devemos lembrar
que angústia é um estado e estado este que nos toca e nos movimenta o tempo
todo. Geralmente, é na angústia que imaginamos ver os outros alegres,
resolvendo-se, curtindo a vida, relacionando bem com seu par e evoluindo.
Quando situações
como estas parecem não acontecer conosco, é comum procurarmos o que fizemos de
errado para não ter dado certo e o sentimento de angustia aflora. Há uma
obrigação social de acerto e de estarmos sempre sorrindo como em uma grande
festa.
Porém, o estado
de angústia é fundamental e torna-se essencial para lidarmos com as nossas
dores, nossas lacunas e com aquilo que pode nunca ser preenchido. É importante
para termos a consciência, que a grande festa que imaginamos ter na casa do
vizinho, não existe.
Todos carregamos
um lado subterrâneo de nós mesmos e isso revela a fragilidade da nossa dor que
é comum aos outros também. Revela que na vida real, todos carregam a mesma
ansiedade, a mesma inquietação, a mesma carência, o mesmo medo e a mesma
ansiedade. O que muda mesmo, são as fotos nas redes sociais.
Precisamos
perceber que andamos todos muito insatisfeitos, um pouco céticos e quase sempre
perdidos. Ainda estamos angustiados, porque nunca nos dispomos a aprender viver
com a falta, com o não ter e sobretudo com a lacuna entre o que somos e o que
gostaríamos de ser, ou seja, a dor entre o que se tem e o que falta.
Não aprendemos morrer, nem
lidar com a morte, com as perdas, com as frustrações, com nossos vícios e com o
que temos.
É urgente que não
transfiramos ao outro a responsabilidade da nossa angústia e não será na casa
do vizinho que encontraremos refúgio. A responsabilidade em ser é angustiante e
o ponto de equilíbrio nem sempre é fácil.
Paulo Veras é psicólogo
clínico e organizacional, psicanalista, pedagogo, escreve e faz palestras,
especialista em educação especial e inclusiva, especialista em docência do
ensino superior e professor universitário em Goiânia-GO.
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