Constantemente,
sem perceber, fazemos o papel de trouxa nas relações que vamos construindo. Não
é uma tarefa difícil, porque é comum também darmos outro nome a este tipo de
comportamento. Dizemos que não temos sorte no amor, que temos dedo podre para
escolher parceiros, que o bonzinho sempre se ferra, que é azarado ou que as
pessoas sempre se dão menos do que a gente espera.
A verdade é que
ninguém nasce trouxa, e, portanto, é no dia a dia que se aprende a ser um.
Deixar de sê-lo, não significa que nunca mais iremos quebrar a cara ou que
nunca mais seremos vítimas da sedução de alguém que quer apenas nos usar. Mas,
significa que as pessoas só fazem conosco aquilo que permitimos.
Pense que você
só recebe aquilo que você aceita e isso deve servir desde sentimentos e
atitudes até dinheiro emprestado e outros favores. Uma das habilidades que
vamos adquirindo quando decidimos deixar de ser trouxa, é ir com menos “sede ao
pote” em tudo que formos realizar. A pressa em decidir tudo acaba por
atrapalhar o nosso destino.
Quando forçamos
para algo acontecer, estamos abrindo a possibilidade de que aquilo aconteça de
qualquer jeito e isso não é bom. Entender que mudanças repentinas não são tão
fáceis de acontecer e que isso é um processo trabalhoso e demanda tempo, contribui
para entendermos também que quando nos dispomos a qualquer coisa, estamos
dispostos a colher qualquer coisa.
Lembre-se que
insistir em algo, com alguém que não está na mesma sintonia só mostra o quão
disposto estamos a cumprir o papel de trouxa mais uma vez. Não adianta
reclamar! Deixar de ser trouxa, tem a ver com o respeito que damos a nós mesmos
e ao quanto temos consciência de quem somos.
Deixar de ser
trouxa é não criar expectativas achando que as pessoas irão mudar por nossa
causa. Elas mudam por elas mesmas e quando lhes convém. Sabe porque se leva
tanto tempo para perceber isso? Porque leva-se algum tempo para perceber que
para termos relações mais dignas com as pessoas, precisamos aprender a se
relacionar dignamente conosco em primeiro lugar.
Paulo Veras é psicólogo clínico e
organizacional, psicanalista, pedagogo, escritor e faz palestras, especialista
em educação especial e inclusiva, especialista em docência do ensino superior e
professor universitário em Goiânia-GO.
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